Efeito imediato

Aumento do IOF: Bancos travam e corretoras entram em alerta

Clientes foram pegos de surpresa com a alta brusca de imposto para 3,5% e correram para converter moeda antes da meia-noite.

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Dólar
Reprodução
  • Governo aumenta IOF para 3,5% em operações internacionais, gerando corrida por moeda estrangeira antes da meia-noite
  • Corretoras como Avenue e bancos como C6 suspenderam serviços e criticaram a falta de previsibilidade
  • Medida visa aumentar arrecadação e expõe o risco-Brasil, assustando investidores e afetando a credibilidade fiscal do país

Pouco antes da virada do dia, um alerta em massa tomou conta dos celulares de brasileiros com contas globais e investimentos em moeda estrangeira: o IOF sobre operações internacionais subiria de 1,1% para 3,5% em questão de minutos.

A medida, anunciada pelo governo federal na noite de quinta-feira (22), causou um efeito imediato. Uma verdadeira corrida digital por dólares e euros antes que o novo imposto entrasse em vigor à meia-noite desta sexta-feira (23).

Mensagens de corretoras como a Wise e a Avenue, além de bancos como o C6 Bank, pipocaram em notificações e e-mails.

“Converta antes da meia-noite e pague 1,1% de IOF. Novo valor de 3,5%, aprovado pelo governo, entra em vigor após esse horário”, dizia uma das mensagens enviadas pela Wise, incentivando clientes a correr contra o relógio para economizar.

A reação do mercado foi imediata e intensa. A Avenue, por exemplo, suspendeu o serviço de câmbio em horário estendido e, em comunicado aos clientes, expressou surpresa e indignação com a decisão repentina.

“Este é um lembrete do que chamamos de risco-Brasil”, alertou a corretora, referindo-se ao impacto direto que medidas inesperadas do governo podem ter sobre o patrimônio de quem investe exclusivamente no país.

Bancos suspenderam operações

A tensão não se limitou às notificações. Clientes do C6 Bank, que normalmente oferecem serviços de câmbio fora do horário comercial, relataram que a função foi misteriosamente suspensa na noite de quinta-feira.

Embora o banco não tenha confirmado oficialmente que a medida está ligada à mudança no IOF, o timing sugere uma ligação direta.

O aumento do IOF atinge em cheio operações com cartões internacionais, remessas ao exterior, empréstimos externos de curto prazo, aplicações financeiras fora do país e até planos de previdência privada.

Empresas com operações internacionais também sentirão o baque, já que parte dos financiamentos de crédito agora ficará mais cara e menos atraente.

Especialistas veem a mudança como parte de um pacote de contenção fiscal. O governo, pressionado a cumprir a meta de déficit zero em 2025, congelou R$ 31,6 bilhões no orçamento de 2024 e agora aposta no aumento do IOF para reforçar a arrecadação.

Sinal de alerta para investidores

Para analistas do mercado, o episódio reacende um velho fantasma: a instabilidade fiscal e política do Brasil. O aumento inesperado de impostos, sem aviso prévio ou debate público, assusta investidores e enfraquece a confiança na previsibilidade das regras do jogo. O alerta da Avenue nesse sentido foi direto: quem deixa todo o patrimônio no Brasil corre riscos desnecessários.

A medida também vai na contramão de uma tendência de isenção gradual de IOF em operações internacionais, prometida nos últimos anos como parte do processo de integração com normas da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Para os brasileiros que investem no exterior ou fazem compras e remessas internacionais com frequência, o impacto é real e imediato. E o recado do governo é claro: a necessidade de ajuste fiscal pode atropelar o planejamento de qualquer um — inclusive o seu.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.