- Correios registram prejuízo de R$ 2,6 bilhões e suspendem benefícios como férias e home office.
- Trabalhadores relatam insegurança, sobrecarga e falta de diálogo com a gestão.
- Empresa aposta em estratégias de recuperação, mas especialistas pedem modernização e cuidado com os funcionários.
Em resposta a uma crise financeira crescente, os Correios anunciaram mudanças impactantes no funcionamento interno da empresa. A suspensão de férias, o fim temporário do trabalho remoto e o adiamento do programa de desligamento voluntário (PDV) preocupam trabalhadores de todo o país. O prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024 evidencia o momento delicado que a estatal atravessa.
Rotinas alteradas e reações imediatas
Para tentar equilibrar as contas, os Correios anunciaram a suspensão do regime de teletrabalho a partir de 23 de junho de 2025. A medida vale para todos os setores que já estavam em modelo remoto. Em seguida, a empresa comunicou que as férias do período aquisitivo de 2025 estão suspensas até o fim do ano. A decisão afeta diretamente a vida de milhares de funcionários.
Além disso, o Programa de Desligamento Voluntário (PDV), que vinha sendo adotado como alternativa para reduzir gastos com pessoal, teve sua adesão prorrogada. A mudança pegou de surpresa quem já havia se preparado para deixar a empresa.
Essas ações, segundo a gestão, são necessárias para garantir a continuidade das operações. No entanto, internamente, o clima é de insegurança. Muitos funcionários relatam frustração, especialmente por não terem sido consultados antes das mudanças.
Os números por trás das decisões
O balanço financeiro mais recente mostra que os Correios encerraram o ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões. Esse valor representa mais do que o triplo das perdas de 2023, que ficaram em R$ 597 milhões. A estatal também acumula um passivo expressivo, com contratos perdidos e queda no volume de entregas, especialmente devido à concorrência com empresas privadas e à taxação de encomendas internacionais.
Entre os principais fatores que contribuíram para o rombo estão a perda de grandes clientes no setor de e-commerce e os custos operacionais crescentes. Outro ponto de pressão é a lentidão para modernizar serviços e infraestrutura, o que tem afastado consumidores e empresas. Mesmo assim, a estatal afirma que está comprometida com a recuperação.
Segundo dados oficiais, foram investidos R$ 830 milhões em 2024 em ações como renovação de frotas, sistemas e serviços digitais. A previsão é de manter o ritmo de investimentos ao longo de 2025, apesar do aperto orçamentário.
Trabalhadores cobram diálogo e equilíbrio
As decisões recentes geraram reações imediatas entre os funcionários. Para muitos, as mudanças sinalizam uma tentativa de impor sacrifícios sem considerar o lado humano. Sindicatos têm denunciado sobrecarga em unidades com pouco pessoal e falta de diálogo entre a gestão e os trabalhadores.
O fim temporário das férias, por exemplo, impacta diretamente na saúde física e mental dos empregados. Já o retorno forçado ao trabalho presencial preocupa pais, mães e cuidadores, que terão que reorganizar suas rotinas rapidamente.
Por isso, os trabalhadores cobram mais transparência e participação nas decisões. A expectativa é que os Correios adotem medidas mais equilibradas e que considerem os impactos sobre as pessoas envolvidas.
Caminhos para reerguer a estatal
A direção dos Correios aposta em três estratégias para mudar o cenário: fortalecer a atuação no comércio eletrônico, se posicionar como fornecedor preferencial de serviços públicos e buscar créditos tributários na Justiça. Embora desafiadoras, essas metas são vistas como possíveis a médio prazo.
Além disso, especialistas defendem uma gestão mais eficiente e a modernização dos processos internos. A reestruturação, porém, não deve deixar os trabalhadores de lado. A chave para o sucesso pode estar justamente na valorização de quem sustenta a empresa no dia a dia.
Sem diálogo e sem cuidado com o corpo funcional, qualquer plano corre o risco de fracassar. Portanto, o futuro dos Correios dependerá não apenas de números, mas também da capacidade de reconstruir relações dentro da empresa.