
- Ministério Público denuncia Pablo Marçal por difamar Guilherme Boulos em debate e entrevista durante a campanha de 2024.
- Ministério Público também o acusa de divulgar laudo médico falso com conteúdo difamatório às vésperas do primeiro turno.
- O Ministério Público também denunciou o biomédico e o advogado envolvidos na falsificação, o que pode gerar sanções criminais e eleitorais.
O influenciador digital e ex-candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, foi formalmente denunciado pelo Ministério Público Eleitoral por dois atos de difamação e pela divulgação de um laudo médico falso contra Guilherme Boulos (PSOL), seu adversário nas eleições municipais de 2024. Assim, a promotora responsável pelo caso, Iane do Lago Nogueira Cavalcante Reis, afirmou que os episódios configuram “ataques deliberados à reputação da vítima” e ocorreram em momentos estratégicos da campanha.
Desse modo, a denúncia, protocolada nesta sexta-feira (30), revela que Marçal teria articulado a falsificação e propagação do conteúdo com o intuito de prejudicar Boulos junto ao eleitorado. Então, os fatos, segundo o MP, ultrapassam os limites da liberdade de expressão e ferem diretamente a integridade do processo democrático.
Insinuações ao vivo e repetição em entrevista
O primeiro episódio relatado pela promotora ocorreu durante um debate televisionado pela TV Bandeirantes no dia 8 de agosto de 2024. Marçal insinuou publicamente que Boulos era usuário de drogas, simulando o uso de entorpecentes com gestos ao vivo. O comportamento causou reações imediatas e críticas nas redes sociais.
Logo após o debate, durante entrevista a jornalistas, o influenciador reiterou a acusação e chegou a chamar Boulos de “cheirador de cocaína”. Para o Ministério Público, essa conduta foi pensada para humilhar e difamar o adversário, configurando crime eleitoral.
Ainda segundo a promotora, as duas ocasiões mostram um padrão claro de conduta com intenção de atingir a honra do opositor. “Não se tratou de discurso político ou crítica legítima, mas de insultos pessoais graves e infundados”, argumenta Iane do Lago na denúncia.
Documento falso e atuação em grupo
Além das falas ofensivas, o Ministério Público destaca o episódio mais grave: a divulgação de um falso laudo médico no Instagram de Marçal, no dia 4 de outubro — véspera do primeiro turno. O documento afirmava que Guilherme Boulos havia sofrido um surto psicótico e testado positivo para cocaína, com recomendação de internação emergencial.
O suposto laudo foi redigido em papel timbrado de uma clínica biomédica, sem qualquer validade legal. As investigações apontam que Luiz Teixeira da Silva Júnior, biomédico e dono da clínica, foi o responsável pela criação do documento. Já o advogado Tassio Renam Souza Botelho teria publicado o material com autorização direta de Marçal.
Durante participação em um podcast, Marçal confirmou que sabia da divulgação e não demonstrou arrependimento. Por essa razão, o Ministério Público denunciou criminalmente todos os envolvidos. O MP sustenta que houve dolo e conluio, o que agrava a responsabilização dos acusados.
Consequências eleitorais e jurídicas
A denúncia ainda pode abrir caminho para ações na esfera cível e eleitoral. Especialistas avaliam que, caso a Justiça Eleitoral aceite os argumentos do Ministério Público, Marçal poderá responder por crime de difamação, uso de documento falso e possível abuso de poder político e econômico — o que comprometeria futuras candidaturas.
O Ministério Público poderá responsabilizar Luiz Teixeira e Tassio Botelho por participação direta no esquema de falsificação e disseminação de informação falsa durante a campanha eleitoral. A pena prevista para difamação eleitoral pode chegar a um ano de detenção, além de multa, enquanto o uso de documento falso pode levar até cinco anos de prisão.
O PSOL ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Boulos, por sua vez, afirmou em publicação nas redes sociais que “a verdade sempre vem à tona” e que “mentiras covardes não intimidam a democracia”.