
- OpenAI adota modelo híbrido que permite buscar investimentos sem abandonar objetivos sociais.
- Diretora financeira admite possibilidade de abertura de capital, condicionada ao ambiente do mercado.
- Empresa planeja infraestrutura de 10 gigawatts e pode precisar de até US$ 500 bilhões para viabilizar o plano.
A reorganização interna da OpenAI pode abrir caminho para um IPO, segundo a diretora financeira Sarah Friar. A executiva afirmou nesta quarta-feira (28) que a empresa está posicionada para entrar na bolsa de valores, embora a decisão dependa das condições do mercado de capitais.
Novo formato amplia possibilidades financeiras
A OpenAI adotou, no fim de 2023, um modelo híbrido de governança. A mudança transformou sua estrutura com fins lucrativos em uma Public Benefit Corporation (PBC), formato que permite gerar lucros, mas com obrigações voltadas ao bem público. Ao mesmo tempo, a organização sem fins lucrativos que originalmente fundou a OpenAI manteve o controle da nova estrutura por meio de participação majoritária.
Essa reestruturação visa equilibrar dois interesses: continuar desenvolvendo produtos revolucionários como o ChatGPT e manter a confiança pública na segurança e ética da IA. Segundo Friar, o modelo oferece mais liberdade para atrair investimentos sem abrir mão de princípios institucionais.
Ainda que o foco principal esteja no desenvolvimento tecnológico, a executiva reconheceu que o formato adotado também deixa a empresa pronta para um eventual IPO. No entanto, ela ressaltou que a abertura de capital só será considerada se o cenário for favorável.
IPO não é prioridade, mas está no radar
Durante sua participação no evento Dublin Tech Summit, Sarah Friar tentou manter a cautela. Em tom bem-humorado, alertou os presentes a não divulgarem que ela teria confirmado a abertura de capital da OpenAI. “Eu disse que isso poderia acontecer, não que acontecerá”, esclareceu, arrancando risos da plateia.
Mesmo com o tom leve, a executiva apontou alguns fatores que podem influenciar a decisão. Entre eles, destacou que a empresa e os mercados precisam estar alinhados. “Você pode estar pronto para ir ao altar, mas se o mercado não estiver preparado para você, não há muito o que fazer”, afirmou.
Ela também frisou que, para se tornar uma empresa listada, é essencial oferecer previsibilidade. Embora o mercado tolere um certo grau de incerteza quando há crescimento acelerado, a instabilidade excessiva costuma afastar investidores.
Investimentos exigem capital bilionário
A OpenAI tem ambições que exigem aportes financeiros de proporções raras até mesmo para o setor de tecnologia. Conforme revelou Friar, um centro de dados com capacidade de 1 gigawatt pode custar cerca de US$ 50 bilhões. Ainda assim, o plano da empresa é alcançar uma infraestrutura de 10 gigawatts nos próximos dois anos.
Isso mostra que o volume de capital necessário para sustentar a corrida tecnológica em IA vai muito além das rodadas de investimento tradicionais. A possibilidade de uma oferta pública de ações pode ser o caminho mais viável para financiar essas metas ousadas.
Friar também enfatizou que o principal objetivo da OpenAI é continuar inovando em produtos que revolucionem a forma como as pessoas interagem com a tecnologia. Nesse sentido, o mercado de buscas em inteligência artificial desponta como uma prioridade estratégica.
Caminho entre inovação e responsabilidade
Ao buscar equilíbrio entre ambição comercial e compromisso ético, a OpenAI caminha em terreno delicado. O modelo de PBC permite crescer sem se afastar da missão original, mas impõe desafios de transparência e eficiência.
A perspectiva de um IPO pode levantar questionamentos sobre como a empresa pretende manter sua filosofia enquanto responde à pressão de acionistas. Por outro lado, também abre espaço para democratizar o acesso à sua governança e ampliar a responsabilidade com o público.
Com o avanço das tecnologias baseadas em IA, empresas como a OpenAI passam a ter papel estratégico na economia e na sociedade. Assim, a estrutura escolhida e os próximos passos financeiros serão acompanhados de perto por investidores, governos e usuários.