- Banco revisa projeções diante do aumento de produção da Opep+ e riscos de recessão
- Instituição vê cenário de superávit crescente e pressão contínua sobre os preços
- Bancos destacam risco de oferta abundante superar demanda em meio a economia global frágil
Os principais bancos de investimento do mundo soaram o alarme no mercado de petróleo. O Goldman Sachs e o Morgan Stanley revisaram para baixo suas projeções para os preços do Brent e do WTI, após o aumento inesperado das cotas de produção anunciadas pela Opep+ em junho.
A medida do cartel, portanto, intensificou os temores de superoferta e pressionou as expectativas para os próximos trimestres.
O Goldman Sachs reduziu suas estimativas para o preço médio do Brent em 2025 para US$ 60 por barril, queda de até US$ 3 em relação às projeções anteriores. Já o WTI, principal referência nos Estados Unidos, caiu para uma média estimada de US$ 56 por barril.
Para 2026, o banco revisou o Brent para US$ 56 e o WTI para US$ 52, refletindo um horizonte mais desafiador para os preços do petróleo. Mesmo com estoques relativamente baixos.
Fundamentos apertados
Segundo o Goldman, apesar de fundamentos pontuais mais apertados (como interrupções de fornecimento e maior demanda sazonal), a capacidade ociosa elevada dos países produtores e o risco persistente de uma recessão global colocam um teto sobre qualquer recuperação significativa nos preços.
O banco também destacou que a coesão interna da Opep+ e o controle sobre o crescimento da produção de petróleo de xisto nos EUA serão determinantes no médio prazo. Mas, insuficientes para reverter a pressão de baixa no curto prazo.
O Morgan Stanley foi ainda mais agressivo nos cortes. O banco reduziu em US$ 5 as projeções para o Brent nos trimestres restantes de 2025. Agora, a instituição espera que o barril feche o segundo trimestre em US$ 60. E, ainda, os dois trimestres seguintes em US$ 57,50, refletindo um cenário de superávit crescente na oferta.
O anúncio da Opep+, que prevê um acréscimo de 411 mil barris por dia em junho, fez soar alertas sobre a possibilidade de novos aumentos de produção ao longo do ano.
Para 2026, o Morgan Stanley cortou em US$ 10 as estimativas do Brent para os dois primeiros trimestres. No entanto, agora projetados em US$ 55. Nos dois trimestres finais, o banco vê preços entre US$ 57,50 e US$ 60.
Os analistas alertaram que, mesmo com estoques ainda apertados em várias regiões, o ritmo de crescimento da produção global pode ser suficiente para sustentar a pressão baixista.
Visão cautelosa
O movimento de ambos os bancos reflete uma visão mais cautelosa em relação ao equilíbrio entre oferta e demanda nos próximos dois anos. A postura mais flexível da Opep+ em relação aos cortes voluntários, sinaliza que o cartel pode estar priorizando ganhos de mercado. Mesmo que isso signifique, portanto, aceitar valores mais baixos para o barril.
O mercado reagiu com cautela às revisões. Investidores monitoram de perto os sinais de desaceleração econômica nos EUA, Europa e China, que podem frear a demanda global por energia.
Além disso, o fortalecimento do dólar e a expectativa de manutenção de juros elevados em diversas economias pressionam os preços das commodities.
Se confirmadas, as novas estimativas representam uma mudança de rota significativa para o mercado de petróleo. Que entrou em 2024, portanto, com expectativas de recuperação sustentada nos preços.
Com a nova equação de oferta ampliada e demanda incerta, os investidores devem se preparar para um cenário de preços mais baixos e mais voláteis ao longo de 2025 e 2026.