- Vídeo com denúncias de fraude no INSS alcança 100 milhões de visualizações e pressiona o Congresso
- Partido divulga dossiê, acusa Bolsonaro de omissão e nega responsabilidade da gestão Lula
- Operação da PF e CGU aponta R$ 6,3 bilhões em descontos indevidos desde 2019 e governo suspende acordos e troca comando do INSS
O vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre o esquema bilionário de descontos irregulares em benefícios do INSS incendiou as redes sociais, acumulando 100 milhões de visualizações em apenas 24 horas.
Com o mesmo tom do viral sobre mudanças no Pix, Nikolas acusa o governo Lula (PT) de inércia e cobra a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar a fraude, que teria drenado R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024.
Linguagem direta
A publicação, com linguagem direta e apelo emocional, impulsionou uma onda de indignação popular e ativismo digital. Nos comentários, seguidores repetem o apelo do deputado: pressionar os presidentes da Câmara e do Senado a abrirem uma CPI.
Nikolas ainda sugeriu que o governo deveria usar dinheiro público para ressarcir os prejudicados. Apesar da repercussão, não há definição oficial sobre compensação financeira nem qual seria a fonte dos recursos.
A base governista reagiu rapidamente. Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, rebateu o vídeo ao lado da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann. Que afirmou, portanto, que a raiz do problema está no governo Bolsonaro.
“Fazem de tudo para tentar relacionar o presidente (Lula) com essa história, mas o verdadeiro protagonismo tem um nome: Jair Bolsonaro”, afirmou Lindbergh.
Eles apontaram que a operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União foi deflagrada após investigações iniciadas na atual gestão. E, que os principais personagens da fraude foram nomeados pela administração anterior.
Descontos associativos
A CGU identificou um salto preocupante nos valores de descontos associativos, que passaram de R$ 706 milhões em 2022 para R$ 1,3 bilhão em 2023. E, contudo, atingiram R$ 2,6 bilhões em 2024.
Embora parte desses descontos possa ter sido regular, a investigação mostrou que diversas entidades não tinham capacidade operacional para prestar os serviços que cobravam. O caso já derrubou o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e levou à saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Na tentativa de controlar a narrativa, a liderança do PT distribuiu aos deputados um documento com 30 páginas intitulado “Desmentindo Nikolas Ferreira – INSS”.
O material desconstrói as falas do deputado ponto a pont. E, assim, destaca falhas da gestão Bolsonaro e orienta os parlamentares a acusarem a oposição de tentar manipular a opinião pública com “mentiras oportunistas”.
Nikolas, por sua vez, sustenta que o governo Lula não assume responsabilidades. Em seu vídeo, diz que “tudo o que é de ruim não é culpa do atual presidente” e que os petistas vão tentar jogar a bomba no colo de Bolsonaro.
“É claro, vão espalhar a narrativa de que tudo começou no governo anterior e já percebeu que no governo passado tudo era culpa só do presidente e nesse governo nada é culpa do presidente?”, diz Nikolas no vídeo.
Em resposta, Gleisi reforçou que os esquemas começaram entre 2019 e 2022 e que o governo petista é quem está atuando para desmontá-los.
“Foi no governo Bolsonaro que quadrilhas criaram entidades-fantasmas para roubar os aposentados, sem que nada fosse feito para investigá-las ou coibir sua ação no INSS. A maior parte das associações investigadas passou a atuar no governo Bolsonaro”, disse.
“Nem a Secretaria da Previdência nem o Ministério do Trabalho e Previdência e o INSS do governo de Bolsonaro cumpriram a Medida Provisória de 2019 que exigia autorização individual para os descontos”
“O momento exige medidas sérias e mudanças profundas, como o governo está fazendo. Exige a busca da verdade, não as mentiras oportunistas de quem não investigou nada e nunca se preocupou em proteger os aposentados”, completou a ministra.
Resposta institucional
O governo federal, por enquanto, descarta uma resposta institucional via Secom e aposta em uma reação da base aliada no Congresso. A estratégia indica que o Planalto vê o embate como parte de uma disputa política que se intensifica no campo das redes sociais, onde a oposição bolsonarista tem mostrado forte capacidade de mobilização.
Em meio à guerra de versões, o que permanece evidente é o impacto real e emocional da fraude sobre aposentados. A desconfiança da população cresce, no entanto, diante da falta de transparência e de um plano claro de reparação.
Ao mesmo tempo, a politização do escândalo transforma vítimas em combustível para um embate digital que deve continuar alimentando tensões entre bolsonaristas e petistas nos próximos meses.