Mercado Corporativo

Salário de milhões: as empresas da Bolsa que melhor remuneram seus diretores

Remuneração de diretores cresce acima da inflação; JBS, PRIO e Hapvida lideram com os maiores salários no mercado corporativo brasileiro.​

real moeda dinheiro mcajr 2904223667.jpg
real moeda dinheiro mcajr 2904223667.jpg
  • Empresas listadas na B3 aumentaram significativamente a remuneração de diretores e conselheiros desde 2021, com taxas anuais superiores à inflação.
  • JBS, PRIO e Hapvida lideram em valores absolutos de remuneração, com médias por executivo superiores a R$ 24 milhões.
  • Diferenças salariais marcantes entre empresas privadas e estatais são influenciadas pela Lei das Estatais, que impõe limites à remuneração.

Estudos recentes revelam um aumento expressivo na remuneração de diretores estatutários e conselheiros em empresas brasileiras.

Nesse sentido, companhias como JBS, PRIO e Hapvida destacam-se com os maiores salários, refletindo uma tendência de valorização da alta administração no país.​

Empresas Brasileiras Elevam Salários de Executivos Acima da Inflação

De acordo com um estudo da XP, as 152 companhias analisadas aumentaram a remuneração de seus diretores estatutários em uma taxa média anual de 28,6% desde 2021, enquanto os conselheiros tiveram um incremento de 24,3% no mesmo período.

Sendo assim, esses aumentos superam consideravelmente a inflação anual média de 6,3% registrada no período, indicando uma valorização expressiva dos cargos de alta administração nas empresas brasileiras.

Além disso, o levantamento mostra que esse avanço salarial não está ligado diretamente a um aumento de desempenho das companhias no mesmo ritmo.

Portanto, na prática, as remunerações cresceram muito acima dos resultados operacionais ou da valorização das ações, o que tem gerado questionamentos de investidores e especialistas em governança corporativa sobre a política de bônus e benefícios dessas empresas.

Maiores aumentos salariais: Serena, Brava e Grupo Mateus lideram

O estudo destaca que a Serena registrou o maior aumento na remuneração total de seus diretores, com um impressionante crescimento de 521%.

Em seguida, a Brava apresentou um incremento de 305%, e o Grupo Mateus, 140%.

A PRIO e a Eletrobras também se destacaram, com aumentos de 123% e 75%, respectivamente. ​

JBS, PRIO e Hapvida: Os Maiores Salários do Mercado

Em termos absolutos, a JBS lidera a lista das empresas que mais remuneram seus diretores, com um total de R$ 155 milhões pagos em 2024, resultando em uma média de R$ 32,8 milhões por executivo.

Posteriormente, temos a PRIO com R$ 78,8 milhões no total e média de R$ 26,4 milhões, enquanto a Hapvida desembolsou R$ 116,4 milhões, com média de R$ 24,4 milhões por diretor.

Além disso, outras empresas com altas remunerações incluem a Cosan e a Vale, com médias de R$ 22,3 milhões e R$ 20,9 milhões por executivo, respectivamente. ​

Discrepâncias Entre Empresas Privadas e Estatais

O estudo também revela diferenças significativas entre empresas privadas e estatais.

Sendo assim, diretores estatutários em empresas privadas receberam, em média, R$ 7,6 milhões em 2024, enquanto seus pares em estatais ganharam R$ 2,6 milhões, uma diferença de quase três vezes.

Além disso, nos conselhos de administração, a discrepância é ainda maior: conselheiros em empresas privadas receberam uma média de R$ 1,4 milhão, comparado a R$ 200 mil nas estatais, uma diferença de sete vezes. ​

Impacto da Lei das Estatais na Remuneração

A Lei das Estatais, que regula as empresas controladas pelo governo e suas subsidiárias, é apontada como principal fator para essas diferenças salariais.

A legislação impõe limites restritos à remuneração, estabelecendo que o pagamento dos diretores de estatais não pode ultrapassar o salário do funcionário público com o cargo mais alto do Brasil.

Então, esse teto salarial, na visão de analistas, tem gerado uma defasagem na capacidade das estatais em reter e atrair talentos altamente qualificados do mercado privado.

Em contrapartida, empresas privadas, livres dessas limitações, seguem ampliando seus pacotes de remuneração, utilizando ações, bônus e benefícios de longo prazo como estratégia de retenção de executivos.

Cenário Atual e Perspectivas Futuras

A remuneração média anual de um CEO no Brasil era de aproximadamente R$ 15,36 milhões em 2024, segundo pesquisa realizada pela consultoria Vila Nova Partners.

Esse valor representa cerca de 2,8 vezes o salário médio dos demais diretores.

A pesquisa mapeou 83 empresas com ações listadas no Índice Bovespa da B3 e analisou 84 CEOs e 775 posições em conselhos de administração.

Perfil dos CEOs no Brasil

Cerca de 46% dos CEOs possuem formação em engenharia, relacionada à demanda por capacidades analíticas na posição.

A idade média dos CEOs no Brasil é de 54,8 anos, com 45% dos executivos nessa cadeira na faixa etária dos 50 aos 59 anos.

Essa tendência reflete o aumento da expectativa de vida saudável e a valorização da experiência na liderança empresarial.

Conclusão

O aumento expressivo na remuneração dos diretores estatutários e conselheiros nas empresas brasileiras reflete uma tendência de valorização da alta administração.

Nessa linha, empresas como JBS, PRIO e Hapvida destacam-se não apenas pelos altos salários pagos, mas também pelo reconhecimento da importância estratégica de seus executivos.

No entanto, as discrepâncias salariais entre empresas privadas e estatais evidenciam os impactos das regulamentações governamentais na política de remuneração corporativa.

Luiz Fernando
Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.