- O Ministério da Educação vai custear uma viagem de cinco dias a Havana para participação em fórum sobre sustentabilidade no ensino superior
- Desde 2023, servidores da educação, ministros e parlamentares petistas realizaram dezenas de viagens oficiais a Cuba
- O aumento das missões oficiais ao país caribenho levanta questionamentos sobre prioridades do governo e o real impacto dessas viagens para a educação brasileira
O Ministério da Educação decidiu enviar um representante da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para um evento internacional em Havana, capital de Cuba.
A viagem, com todas as despesas pagas pelo governo federal (incluindo passagens aéreas e diárias), tem duração prevista de cinco dias, entre 26 e 30 de maio. O objetivo é participar de um fórum internacional sobre “sustentabilidade de ensino superior”, promovido por instituições ligadas ao governo cubano.
A missão oficial ocorre sob a justificativa de fortalecer laços acadêmicos e ampliar o diálogo sobre modelos sustentáveis de educação superior na América Latina. No entanto, o envio de um burocrata da Capes para a ilha caribenha, em um momento de cortes orçamentários em diversas áreas da educação no Brasil, levanta questionamentos sobre a real prioridade dessas viagens.
O fórum em Havana é mais um entre dezenas de eventos que têm recebido delegações brasileiras, contudo, desde o início do atual governo.
A presença oficial do Brasil em encontros promovidos em Cuba aumentou visivelmente, com especial destaque para a área educacional. Ainda, que tem absorvido recursos públicos para custear essas agendas internacionais.
Relações acadêmicas entre Brasil e Cuba ganham novo impulso
Desde que Luiz Inácio Lula da Silva retornou à Presidência da República em janeiro de 2023, o número de missões oficiais de servidores públicos da educação para Cuba aumentou de forma significativa.
Levantamentos internos apontam que centenas de viagens foram autorizadas apenas nos dois primeiros anos de governo. A maioria dos beneficiados integra o corpo docente de universidades federais. Assim, convidados para simpósios, fóruns, congressos e cursos de curta duração em solo cubano.
A Capes, responsável por fomentar a formação de professores e pesquisadores de alto nível no país, tem desempenhado papel central nesse novo ciclo de intercâmbio.
Segundo fontes do próprio Ministério da Educação, a ampliação da presença brasileira em eventos organizados por instituições cubanas faz parte de uma “estratégia de cooperação regional em educação superior”.
Na prática, o governo brasileiro busca fortalecer os laços acadêmicos com países ideologicamente alinhados. Dessa forma, resgatando acordos firmados em gestões anteriores do PT.
Críticos da atual política externa educacional apontam para um uso excessivo de recursos públicos em viagens de baixo impacto prático para o ensino superior no Brasil. Parlamentares da oposição afirmam que esses deslocamentos não geram retorno concreto. E, ainda, servem mais como instrumento político e simbólico do que como investimento efetivo em melhorias acadêmicas.
Missões oficiais a Cuba incluem ministros e parlamentares
A presença brasileira em Cuba não se limita à esfera educacional. Além dos técnicos e docentes enviados por universidades e órgãos federais, ministros do governo Lula e parlamentares petistas também realizaram diversas viagens oficiais à ilha.
Essas missões, igualmente custeadas pelos cofres públicos, ocorrem sob a justificativa de estreitamento das relações bilaterais. Além do reforço da cooperação em áreas como saúde, ciência, cultura e educação.
Entre os integrantes da comitiva governista que estiveram em Havana nos últimos meses, estão ministros de Estado e senadores com histórico de simpatia pelo regime cubano. A frequência dessas visitas sinaliza uma reaproximação política e ideológica entre Brasil e Cuba. Contudo, que foi rompida durante os anos dos governos mais alinhados à direita.
O retorno dessa agenda de visitas oficiais a Cuba, agora reforçada por eventos internacionais como o fórum de sustentabilidade no ensino superior, evidencia uma guinada diplomática e institucional.
Para aliados do governo, essas ações fazem parte da retomada de uma política externa soberana e voltada para a integração regional. Para críticos, trata-se de uma utilização inadequada dos recursos públicos em nome de afinidades ideológicas.