
- Ibovespa sobe quase 2% com sinalização de trégua entre Irã e Israel, reduzindo tensão nos mercados globais.
- Projeções de inflação caem no boletim Focus, reforçando expectativa de juros mais estáveis no Brasil.
- Vale e bancos impulsionam a Bolsa, enquanto decisões de política monetária ao redor do mundo seguem no radar.
O Ibovespa iniciou a semana em forte alta e superou os 139 mil pontos nesta segunda-feira (16), impulsionado por notícias de distensão no conflito entre Israel e Irã, revisão para baixo das expectativas de inflação no Brasil e indicadores positivos da economia chinesa. Às 12h, o índice avançava 1,99%, alcançando 139.941 pontos.
Trégua geopolítica acalma mercados globais
A valorização do Ibovespa reflete um ambiente internacional mais tranquilo. Reportagem do The Wall Street Journal revelou que o Irã sinalizou intenção de reduzir as hostilidades com Israel e retomar negociações nucleares com os Estados Unidos. Assim, a notícia ajudou a derrubar os preços do petróleo, que vinham em alta após a escalada militar no fim de semana.
Ademais, a diminuição da tensão no Oriente Médio reduziu a aversão ao risco entre os investidores, permitindo que bolsas nos EUA, Europa e Ásia operassem em alta nesta segunda. A perspectiva de mediação por parte de grandes potências também reforçou o otimismo.
Desse modo, o economista Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, observa que, mesmo com a gravidade dos ataques, “nenhuma medida fora do esperado foi tomada até então”. Essa leitura mais cautelosa foi essencial para a retomada do apetite por risco.
Influência dos indicadores econômicos
Internamente, o mercado reagiu ao boletim Focus, que trouxe nova redução nas expectativas de inflação, e ao Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que surpreendeu positivamente.
A projeção suavizada para a inflação nos próximos 12 meses caiu de 4,77% para 4,72%. A mediana do IPCA para 2025 também recuou de 5,44% para 5,25%, enquanto o IGP-M de 2024 foi revisto para baixo, de 4,16% para 3,85%.
Já o IBC-Br de abril avançou 0,16%, acima da mediana de 0,10% das projeções e mesmo após a forte alta de 0,71% em março. Isso sugere que a atividade segue resiliente, o que também influencia a percepção dos investidores sobre os rumos da política monetária.
Além disso, os índices da FGV reforçaram a leitura de alívio inflacionário. Desse modo, o IGP-10 caiu 0,97% em junho, enquanto o IPC-S desacelerou para 0,25% na segunda quadrissemana do mês.
Decisões de juros no radar
A atenção agora se volta para as decisões de juros desta semana. O Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil e o Federal Reserve nos EUA anunciam suas decisões na quarta-feira (19). Há ainda expectativa pelas definições dos bancos centrais do Japão, Inglaterra e China.
No Brasil, o mercado está dividido entre manter a Selic em 14,75% ou elevá-la em 0,25 ponto porcentual, após recentes sinais de pressão inflacionária e desempenho mais robusto da economia. A curva de juros futuros já precifica chances de alta.
Enquanto isso, os mercados estrangeiros apostam em manutenção dos juros nos países desenvolvidos. A expectativa de estabilidade nas taxas tem sustentado o otimismo global, ainda mais com os sinais positivos vindos da economia chinesa.
Reação das ações e destaques da Bolsa
Entre os destaques do dia, a Vale (VALE3) subia cerca de 3%, impulsionada pela alta de 0,21% no minério de ferro e pela aprovação da licença prévia para o projeto de cobre Bacaba. O projeto visa estender a vida útil do Complexo Minerador de Sossego.
Além disso, a Petrobras (PETR3; PETR4) registrava leves quedas, com os papéis PN recuando 0,89% e ON com perda de 0,09%, refletindo a queda do petróleo após a trégua geopolítica.
Papéis de grandes bancos também puxavam o índice para cima, e entre as 87 ações da carteira teórica do Ibovespa, apenas seis operavam em queda. “É um dia de alívio generalizado”, resumiu Marcelo Vieira, da Ville Capital.