Controle ideológico?

Trump proíbe estudantes estrangeiros em Harvard: ‘Que isso sirva como aviso’

Governo revoga certificação de intercâmbios e ameaça cortar subsídios; universidade diz que ação é ilegal e política.

Trump proíbe estudantes estrangeiros em Harvard: ‘Que isso sirva como aviso’ Trump proíbe estudantes estrangeiros em Harvard: ‘Que isso sirva como aviso’ Trump proíbe estudantes estrangeiros em Harvard: ‘Que isso sirva como aviso’ Trump proíbe estudantes estrangeiros em Harvard: ‘Que isso sirva como aviso’
Crédito: Depositphotos
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  • Harvard teve autorização para matricular estrangeiros revogada e recebeu prazo de 72 horas para entregar documentos exigidos.
  • Governo Trump liga medida ao combate ao antissemitismo, mas universidade denuncia tentativa de controle ideológico.
  • Comunidade acadêmica teme efeito dominó e vê ameaça à reputação internacional do ensino superior dos EUA.

A administração Donald Trump intensificou o confronto com a Universidade de Harvard ao revogar, nesta quinta-feira (22), a certificação que permite à instituição aceitar estudantes estrangeiros. A decisão afeta diretamente quase 7 mil alunos de mais de 140 países e acende um alerta no meio acadêmico dos EUA.

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, anunciou a medida por meio de sua conta na rede social X. Segundo ela, Harvard falhou em “cumprir a lei” e, por isso, teve suspensa sua participação no Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio. Em tom de advertência, Noem escreveu: “Que isso sirva como aviso a todas as universidades e instituições acadêmicas do país”.

Embora o governo aponte falhas técnicas e legais, documentos internos e declarações públicas revelam uma ofensiva política mais ampla. A Casa Branca tem exigido que Harvard implemente uma série de mudanças em suas políticas de admissão, ensino e contratação para, segundo a administração Trump, conter o avanço do antissemitismo no campus.

Universidades sob pressão

A medida é apenas o capítulo mais recente de uma série de ações contra Harvard. Em abril, Kristi Noem já havia ameaçado revogar o acesso da universidade a programas de visto para estudantes, caso a instituição se recusasse a fornecer registros administrativos de seus estudantes internacionais.

Agora, o governo impôs um prazo de 72 horas para que Harvard atenda a uma nova lista de exigências. Entre elas, está a entrega de registros disciplinares de alunos americanos dos últimos cinco anos, além de vídeos, áudios e documentos relacionados a atividades consideradas “ilegais”, “perigosas” ou “violentas” no campus — inclusive aquelas com participação de cidadãos americanos.

Noem afirma que, somente após o cumprimento dessas exigências, Harvard poderá ter “a oportunidade” de reaver a autorização para aceitar estudantes estrangeiros.

Além disso, o governo Trump estuda revogar a isenção fiscal da instituição e congelar bilhões de dólares em subsídios federais. Essas ações têm causado preocupação generalizada entre universidades americanas, que veem uma tentativa de controle político disfarçada de combate a crimes ou condutas inadequadas.

Harvard reage e vê retaliação política

A resposta da universidade foi dura e imediata. Em comunicado, Harvard classificou a revogação da certificação como “ilegal” e afirmou estar “totalmente comprometida em manter a capacidade de receber estudantes e acadêmicos internacionais”.

A nota destaca que esses estudantes “enriquecem imensamente a universidade — e esta nação”. Harvard também informou que já tomou diversas medidas contra o antissemitismo e acusa a administração Trump de tentar controlar as “condições intelectuais” do campus.

“Esta retaliação ameaça causar sérios danos à comunidade de Harvard e ao nosso país, além de minar a missão acadêmica e de pesquisa da universidade”, afirma o comunicado. A instituição diz ainda que está trabalhando com agilidade para orientar estudantes afetados e buscar soluções legais.

Especialistas apontam que as ações do governo têm potencial para criar caos nos campi e prejudicar a reputação dos Estados Unidos como destino acadêmico. Em ciclos anteriores, medidas semelhantes acabaram afetando até estudantes que participaram de protestos ou possuíam pequenas infrações administrativas.

Comunidade acadêmica em alerta

A revogação da certificação reacendeu o temor de que instituições de ensino estejam sendo politizadas em ano eleitoral.

Nesse sentido, diversos reitores e organizações acadêmicas emitiram notas de apoio a Harvard, argumentando que a medida abre precedente perigoso para retaliações ideológicas.

Além disso, nos bastidores, universidades de grande porte avaliam estratégias jurídicas para proteger seus programas internacionais e seus alunos.

Desse modo, para muitos, o ataque à Harvard é simbólico: Portanto, se a mais prestigiada universidade americana pode ser alvo de pressão política, qualquer instituição pode.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.