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O ROE da operação brasileira do Nubank (NUBR33) impressionou o mercado no quarto trimestre, com um retorno de 40%. No entanto, segundo o Santander, esse número pode estar cheio de pegadinhas. De acordo com o analista Henrique Navarro, há três fatores que impactam positivamente o retorno reportado pelo Nubank e precisam ser ajustados para um entendimento mais real do negócio.
O primeiro são as provisões para inadimplência, que vieram baixas para o nível de risco do portfólio de crédito do banco. No quarto trimestre, as provisões do Nubank representavam 12% da carteira total de crédito, enquanto para o Santander, esse número teria que ter ficado em 13% e caminhando para subir para entre 15% a 20%.
O segundo é o capital alocado na operação brasileira, que também é baixo para a relevância do Brasil no negócio. Segundo o Santander, o Nubank só aloca um terço de seu capital na operação brasileira, ainda que ela represente 90% das receitas. Guilherme Lago, o CFO do Nubank, diz que a análise do Santander não leva em consideração dois pontos fundamentais. O primeiro é que não faria sentido colocar mais capital na operação brasileira, porque ela já está operando com um índice de Basileia de 10,5%. Além disso, ao colocar o capital adicional na operação brasileira, o analista esqueceu de considerar as receitas financeiras que esse capital alocado em títulos públicos traria para a operação.
Por fim, as despesas também podem estar sendo ‘bookadas’ de forma mais tímida na operação brasileira, ainda que o Santander não tenha visibilidade sobre isso, dado que o Nubank não dá o breakdown das despesas por região. Ajustando todos esses fatores, o ROE do Nubank no quarto tri teria sido 11% – em vez dos 40% reportados.
Além disso, outro fator que deve prejudicar o ROE do Nubank nos próximos trimestres é o teto na taxa de interchange para cartões pré-pagos, que foi definido em setembro e começa a valer agora em abril. O Santander estima que o teto vai afetar negativamente a receita do Nubank em -3%. No quarto tri, isso teria gerado um impacto negativo de US$42 milhões no top line.
As discussões para se impor um teto nos juros do crédito rotativo do cartão de crédito também podem prejudicar mais ainda o retorno do banco. Hoje, o juro do rotativo cobrado pelo Nubank é de 12,5%. Considerando um teto de 8%, o impacto para a receita do banco seria de cerca de 17%. Se adicionarmos esse risco em cima dos outros fatores que já analisamos, veríamos o ROE de 40% divulgado pelo Nubank no quarto trimestre despencar para apenas 1%.
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