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Polêmica no BC: Interpretação Política e incerteza econômica

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  • Decisão do BC de reduzir a Taxa Selic, reflete a profunda divisão entre os nove diretores da instituição
  • Embora não fosse a intenção do Copom, o mercado interpretará a divisão com um viés político
  • A postura” mais complacente” com a inflação por parte dos indicados por Lula, caracterizada como “dovish” pelo mercado financeiro

A decisão do Banco Central de reduzir a taxa Selic de 10,75% para 10,50% na última quarta-feira (8), não apenas sinaliza uma mudança no ritmo de cortes. Mas, também reflete uma profunda divisão entre os nove diretores da instituição.

Cinco diretores, nomeados ou reconduzidos durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, optaram por um corte mais moderado de 0,25 ponto percentual. Os quatro indicados por Lula defenderam uma redução mais acentuada de meio ponto, porém foram derrotados.

Embora não fosse a intenção do Copom, o mercado interpretará a divisão com um viés político.

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A postura” mais complacente” com a inflação por parte dos indicados por Lula, caracterizada como “dovish” pelo mercado financeiro, provavelmente levará a um aumento nas expectativas de inflação. Isso pode complicar o trabalho do Banco Central em controlar os preços.

Assim, em outras palavras, isso irá aumentar a incerteza na política monetária. A qual, já vinha funcionando como uma “espécie de âncora” diante do descontrole visto no campo fiscal.

A discussão sobre a transição na liderança da autoridade monetária se intensificou, gerando uma crescente desconfiança dos agentes em relação à futura composição do Banco Central. Especialmente diante do receio de uma possível elevação da inflação no futuro. Isso se refletiu na desvalorização do real. E, ainda, no aumento dos juros de longo prazo, ao passo que as expectativas de inflação dispararam.

Interpretação do mercado

Uma grande surpresa nos votos veio do diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Pichetti, indicado por Lula. Em meados de abril, ele esteve ao lado do presidente do BC, Roberto Campos Neto. Quando este sugeriu a redução do ritmo de cortes durante um evento em Nova York.

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O mercado interpretou sua falta de oposição como um apoio à mudança de posição. No entanto, na última quarta-feira (8), ele surpreendeu ao votar pela redução de 0,5 ponto, juntamente com os diretores Gabriel Galípolo, Ailton de Aquino Santos e Rodrigo Alves Teixeira.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central adotou “tom mais rígido”, deixando de indicar sua próxima movimentação. Isso sugere a possibilidade de até interromper os cortes da Selic em caso de um cenário econômico mais adverso.

O Banco Central justificou a redução no ritmo dos cortes devido à deterioração do cenário internacional, com a perspectiva de taxas de juros elevadas nos Estados Unidos por mais tempo. Internamente, a análise aponta para um mercado de trabalho mais aquecido e uma inflação de serviços que continua “resiliente”.

O comunicado apresentou uma leve mudança na abordagem em relação à política fiscal, destacando o acompanhamento dos desenvolvimentos recentes e seus impactos sobre a política monetária. Embora ambos os lados do Copom possuam justificativas técnicas para seus votos, a divisão com uma conotação política é vista como um desafio significativo para a política de juros do país.

“Sem dúvida, o que estamos vendo é uma precificação para um cenário mais incerto, com a credibilidade da instituição Banco Central diminuindo na margem”, afirma o executivo Luis Garcia.

“Essa é a grande mensagem que a movimentação nos preços dos ativos está passando para nós hoje — o que fica ainda mais evidente porque os ativos no exterior estão mais calmos”, completa.

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