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A recente eleição de Javier Milei como presidente da Argentina colocou os holofotes sobre possíveis repercussões econômicas regionais, em particular para o Banco do Brasil (BBAS3). Em um relatório divulgado pela Ágora Investimentos, elaborado por especialistas do Bradesco BBI, destaca-se que o banco brasileiro não está totalmente imune aos impactos dessa mudança política.
Javier Milei, conhecido por suas propostas ultraliberais e polêmicas, conquistou a presidência argentina com 55,69% dos votos, superando o peronista Sergio Massa. Milei propõe medidas drásticas, incluindo privatizações, o fechamento do Banco Central da Argentina, e, mais notavelmente, a dolarização da economia argentina.
É essa última proposta que pode afetar diretamente o Banco do Brasil. O BB tem considerável exposição na Argentina através do Banco Patagonia, onde detém cerca de 80% de participação. O relatório da Ágora Investimentos aponta que o Patagonia representou 7,2% da receita líquida de juros do BB no terceiro trimestre do ano. Uma mudança para a dolarização na Argentina poderia, portanto, desencadear uma desvalorização cambial, afetando o desempenho financeiro do Banco do Brasil.
O Patagonia, em sua contribuição para o balanço do BB, apresentou receita líquida de juros de R$ 1,7 bilhão no terceiro trimestre, equivalendo a 7,2% do total do Banco do Brasil no período. Os ativos do Patagonia totalizam R$ 26,9 bilhões, o que representa 1,2% do Banco do Brasil. Além disso, o banco argentino possui R$ 6 bilhões em empréstimos (0,6% do total do BB), R$ 19,4 bilhões em depósitos (1,9% do total do BB) e R$ 4,1 bilhões de patrimônio líquido (2,4% do total do BB).
Apesar da preocupação evidente, os analistas Gustavo Schroden, do Bradesco BBI, e Renato Chanes, da Ágora, enfatizam que ainda é prematuro avaliar o impacto integral de uma possível dolarização da economia argentina na unidade de negócios do Banco do Brasil.
A expectativa da Ágora é de que, já em 2024, possa haver uma redução nas contribuições dos ganhos de Tesouraria e do Banco Patagonia para os resultados do Banco do Brasil. A situação requer um monitoramento cuidadoso, dada a importância da operação argentina para o banco brasileiro e a imprevisibilidade das políticas econômicas de Milei.
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Este cenário destaca não apenas os desafios macroeconômicos enfrentados pelo Banco do Brasil em sua operação internacional, mas também os riscos inerentes às mudanças políticas e econômicas na América do Sul. A eleição de Milei, com suas propostas radicais, poderá ter ramificações significativas para o setor bancário regional, sobretudo para instituições com exposição substancial na Argentina, como é o caso do Banco do Brasil.
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