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O Ibovespa (IBOV) encerrou a quarta-feira (6) com uma leve queda de 0,24%, atingindo 130.340,92 pontos, após registrar uma mínima de 128.822,16 pontos durante o pregão. O recuo no principal índice da bolsa brasileira ocorre em um contexto de apreensão em relação à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. As novas diretrizes do republicano levantam preocupações sobre um possível fluxo reduzido de capital estrangeiro para mercados emergentes, incluindo o Brasil.
A movimentação no mercado cambial também refletiu essa tendência, com o dólar à vista (USBRL) encerrando o dia cotado a R$ 5,6759, uma queda de 1,26%.
Desempenho da Balança Comercial e Perspectivas Fiscais
Embora o cenário externo tenha predominado, dados econômicos locais também impactaram o humor dos investidores. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgou que a balança comercial do Brasil registrou um superávit de US$ 4,343 bilhões em outubro, representando uma queda expressiva de 52,7% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Esse resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pela Reuters, que previam um saldo positivo de US$ 4,976 bilhões.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre a situação econômica, afirmando que todos os membros do governo estão “muito conscientes” da necessidade de fortalecer o arcabouço fiscal. Ele anunciou que a rodada de reuniões solicitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir medidas fiscais foi concluída. “O próximo passo será solicitar conversas com os presidentes das duas Casas do Congresso para encaminhar as propostas de medidas fiscais para análise”, afirmou Haddad.
Os investidores aguardam com expectativa a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se reunirá para avaliar a taxa Selic, atualmente fixada em 10,75% ao ano. A curva de juros indica uma probabilidade de 97% de que a Selic seja elevada em 50 pontos-base na próxima reunião, contrastando com apenas 3% de chance de uma alta de 75 pontos-base.
Destaques do mercado: Gerdau e Carrefour
Entre os ativos do Ibovespa, a Gerdau (GGBR4) se destacou, apresentando uma alta de quase 10% durante o pregão, impulsionada pela divulgação de seu balanço do terceiro trimestre e anúncio de dividendos. Analistas do BTG Pactual apontaram que a vitória de Trump poderá trazer benefícios à companhia: “Com tarifas mais altas e uma indústria americana mais forte, esperamos um impacto positivo sobre os negócios da Gerdau nos EUA, onde a empresa já gera a maior parte de seu Ebitda”, afirmaram.
A Embraer (EMBR3) também teve um desempenho positivo, subindo mais de 2%. Por outro lado, o Carrefour Brasil (CRFB3) liderou as perdas, junto com a RD Saúde (RADL3), que, apesar de reportar um lucro líquido ajustado de R$ 336,8 milhões entre julho e setembro, viu suas ações sofrerem uma correção após o anúncio de resultados.
Os pesos-pesados do Ibovespa, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4; PETR3), acompanharam a volatilidade do mercado. A mineradora viu suas ações pressionadas pelo desempenho do minério de ferro, que caiu 0,76% em Dalian, cotado a US$ 109,99 a tonelada, influenciado pelas expectativas negativas em relação ao cenário econômico global após a eleição de Trump.
Impacto no Mercado Norte-Americano
Nos Estados Unidos, os índices de Wall Street atingiram novos recordes históricos logo no início da sessão. A vitória de Trump é vista como um catalisador para um ambiente de negócios mais favorável, com promessas de menos regulamentação e impostos mais baixos. O mercado também está de olho na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve, onde o consenso é de uma redução de 25 pontos-base na taxa de juros, levando-a para a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano. A decisão será anunciada na quinta-feira (7), acompanhada da coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell.
Confira os índices desta quarta-feira, 6 de novembro:
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