Desgaste político

INSS: Lula deixa milhões de brasileiros sem se aposentar

Com mais de 2,5 milhões de pessoas à espera de benefícios, operação da Polícia Federal agrava desgaste político do governo.

INSS: Lula deixa milhões de brasileiros sem se aposentar
  • INSS acumula 2,5 milhões de pedidos pendentes, contrariando promessa de campanha de Lula
  • Justiça afasta presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, e investigações levantam suspeitas graves
  • Ministro da Previdência enfrenta críticas crescentes e vê sua permanência ameaçada

A crise no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) atingiu um novo patamar nesta quarta-feira, com a deflagração de uma operação da Polícia Federal que resultou no afastamento do presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, por determinação judicial.

Em meio à pressão crescente, o governo federal exonerou oficialmente Stefanutto do cargo, enquanto a fila de espera por benefícios previdenciários bate a marca de 2,5 milhões de pessoas, conforme apuraram fontes do Ministério da Previdência.

Promessa de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, a meta de zerar a fila do INSS transformou-se em um dos maiores desgastes de seu terceiro mandato. A frustração com os resultados da pasta, comandada pelo ministro Carlos Lupi (PDT), já não se restringe aos bastidores.

Auxiliares próximos ao presidente revelam que Lula, embora relutante em demitir ministros por motivos de gestão, perdeu a paciência com o ritmo das soluções prometidas para a Previdência.

Desde o início do governo, Lupi acumulou críticas por prometer medidas que não saíram do papel e por minimizar a gravidade da situação enfrentada por milhões de brasileiros que aguardam aposentadorias, auxílios-doença e outros benefícios. O presidente da República, que já foi mais entusiasta da presença do pedetista em seu ministério, agora demonstra desconforto com a condução da área.

Fila interminável e desgaste político

A fila do INSS se arrasta há anos, mas disparou nos últimos meses, atingindo o patamar mais crítico desde a pandemia. Os números causam alarme no Planalto, pois afetam diretamente a população mais vulnerável — uma das principais bases de apoio do governo petista. Beneficiários aguardam por meses, às vezes mais de um ano, por uma resposta do sistema previdenciário.

O cenário atual contradiz frontalmente o discurso de Lula durante a campanha, quando ele prometeu tratar a Previdência como prioridade e dar fim à “fila da vergonha”.

Ao contrário do que previa o discurso oficial, a realidade se tornou ainda mais desafiadora: falta de servidores, sistemas defasados e agora a revelação de possíveis irregularidades administrativas ampliam a pressão.

Operação da PF intensifica crise

A operação da Polícia Federal, cujos detalhes ainda estão sob sigilo, abalou a já frágil estrutura da autarquia. O afastamento de Stefanutto (que ocupava o cargo desde março de 2023) marca mais um revés para o governo na tentativa de restaurar a credibilidade do INSS.

Fontes próximas à investigação apontam suspeitas de irregularidades na concessão de benefícios e contratos administrativos, embora ainda não haja denúncia formal.

A exoneração de Stefanutto sinaliza que o governo pretende adotar uma postura mais firme diante dos escândalos. Ainda assim, o gesto não ameniza o impacto político: para o Palácio do Planalto, a crise no INSS ganhou contornos simbólicos, pois representa o fracasso em cumprir uma das promessas mais visíveis de campanha.

Carlos Lupi sob pressão

A permanência de Carlos Lupi à frente da Previdência torna-se, a cada dia, mais incômoda. Embora ainda conte com respaldo do PDT e resista às pressões, seu futuro no cargo passa a ser discutido nos bastidores do governo.

A avaliação no Planalto é que a condução errática do ministro, aliada ao crescimento da fila e aos escândalos envolvendo o INSS, mina o discurso de eficiência administrativa que o governo tenta sustentar.

Enquanto isso, milhares de brasileiros seguem esperando pelo benefício que garante sustento e dignidade. Para o governo Lula, a Previdência virou um problema urgente e que pode custar caro politicamente.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.