"Obrigação moral"

Lula reage a críticas sobre IOF e diz: “Não fui eleito para beneficiar ricos”

Declarações do presidente ocorrem em meio a embate com o Congresso e pressão por responsabilidade fiscal.

Presidente Lula durante pronunciamento em Mariana - MG.
Presidente Lula durante pronunciamento em Mariana - MG.
  • Lula reafirmou que seu governo não beneficia os ricos e declarou ter um compromisso moral com os mais pobres e com a classe média.
  • Moody’s alerta para falta de credibilidade do governo e considera improvável melhora fiscal antes das eleições de 2026.
  • Presidente critica “clima ruim” na Câmara após embate entre Haddad e deputados da oposição sobre o IOF.

Durante visita a Minas Gerais nesta quinta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “não foi eleito para beneficiar ricos”. A declaração veio em meio à forte pressão sobre o governo após a tentativa frustrada de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Lula destacou que sua prioridade é cuidar da população mais pobre e da classe média, reiterando o compromisso social de seu governo.

As falas do presidente ocorrem em um momento em que o Executivo enfrenta resistência crescente no Congresso Nacional, especialmente quanto à condução da política fiscal. Enquanto isso, o mercado reage com desconfiança à falta de cortes estruturais nos gastos públicos.

Tensão entre Executivo e Legislativo aumenta

A proposta do governo de elevar o IOF gerou forte repercussão negativa entre parlamentares e setores econômicos. Pressionado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, retirou a ideia no mesmo dia. Segundo Lula, sua gestão não busca favorecer os mais ricos. Pelo contrário, ele afirmou que tem um compromisso ético e político com a maioria da população.

“Eu governo para todos os brasileiros, mas tenho preferência por quem mais precisa. Essa é minha obrigação moral. Não fui eleito para fazer benefício para rico”, afirmou. Para ele, o país ainda enfrenta desigualdades graves que exigem prioridade social.

No entanto, essa visão não tem sido suficiente para acalmar o Congresso. Deputados e senadores cobram do Planalto maior responsabilidade fiscal. Além disso, exigem o fim de propostas que aumentem impostos sem cortar despesas. O embate reflete uma crise de confiança entre os Poderes.

Avaliação internacional acende alerta fiscal

Na mesma semana, a agência Moody’s divulgou uma avaliação que elevou ainda mais o sinal de alerta. A analista sênior Samar Maziad afirmou que é improvável uma melhora fiscal significativa antes das eleições de 2026. Segundo ela, o atual arcabouço é frágil, pois depende excessivamente do aumento de receitas sem reformas de gastos.

A Moody’s já havia mudado a perspectiva do Brasil de positiva para estável. O motivo foi a combinação de déficits persistentes e lentidão nas reformas econômicas. Para a agência, a dívida pública pode continuar subindo se não houver um plano concreto e confiável para equilibrar o orçamento.

Esse tipo de análise influencia diretamente o mercado financeiro. Não por acaso, o dólar subiu e os juros futuros dispararam nos últimos dias. Com isso, o ambiente econômico se torna mais instável, o que pressiona ainda mais o governo.

Lula ataca “clima ruim” na Câmara e fala em “mentiras”

Durante o evento, Lula também criticou o ambiente político em Brasília. Ele afirmou que há um clima muito ruim na Câmara dos Deputados e que muitos parlamentares estariam “vivendo de mentiras”. Embora não tenha citado nomes, a fala ocorreu um dia após o ministro Haddad ter sido alvo de ataques durante uma sessão da Comissão de Finanças.

Na ocasião, os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ) criticaram o aumento do IOF e deixaram o plenário antes que Haddad pudesse responder. O ministro classificou a atitude como molecagem. Em seguida, Jordy voltou à sala para rebater e chamou Lula de “moleque”.

“Há uma certa raiva no ar, um desconforto entre as pessoas. Tem deputado que não quer debater, só grava vídeo para a internet”, criticou Lula. Portanto, em sua avaliação, a desinformação tem dominado o debate público e prejudicado o diálogo entre os Poderes.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.