
- PIB em alta; Mercado eleva previsão de crescimento para 2,18% em 2025, puxado pela agropecuária.
- Inflação desacelera; IPCA segue caindo, mas ainda está acima do teto da meta para 2025.
- Juros mantidos; Selic permanece em 14,75%, com expectativa de queda apenas a partir de 2026.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro surpreendeu positivamente e segue com boas projeções para 2025. Nesta segunda-feira (9), o Boletim Focus, do Banco Central, trouxe uma elevação da estimativa de crescimento para o próximo ano: de 2,13% para 2,18%. A economia mantém o ritmo de expansão após resultados sólidos no início de 2025.
Além disso, o mercado também começou a rever para baixo as previsões inflacionárias. A expectativa para o IPCA de 2025 caiu levemente, passando de 5,46% para 5,44%, sinalizando um possível alívio no custo de vida, ainda que acima da meta oficial. A conjunção de fatores pode dar margem a uma discussão sobre cortes futuros na taxa de juros.
Crescimento sustentado pelo campo
A revisão das projeções ocorre após a divulgação do resultado do primeiro trimestre de 2025, em que o PIB cresceu 1,4%, segundo o IBGE. O desempenho foi novamente impulsionado pelo setor agropecuário, que se mantém como motor da economia brasileira.
No ano passado, o Brasil registrou uma expansão de 3,4%, acumulando quatro anos consecutivos de crescimento. Desde 2021, quando o PIB avançou 4,8%, o país não experimentava um ciclo tão consistente de alta.
Para 2026, a projeção de crescimento se manteve em 1,81%, enquanto as estimativas para 2027 e 2028 ficaram em 2% para ambos os anos. O ritmo mais moderado para os próximos ciclos, no entanto, reflete a cautela do mercado com o cenário fiscal e a política monetária.
A cotação do dólar também segue acompanhando os desdobramentos. A expectativa é que a moeda norte-americana encerre 2025 em R$ 5,80, subindo para R$ 5,89 no fim de 2026, de acordo com as instituições consultadas.
Inflação cede, mas ainda preocupa
Em relação à inflação, os números do Boletim Focus mostram pequenas melhoras nas projeções. Para 2025, o IPCA caiu de 5,46% para 5,44%. Apesar da leve redução, o índice segue acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4,5%.
Em abril, a inflação oficial foi de 0,43%, influenciada principalmente por alimentos e produtos farmacêuticos. O dado mostra desaceleração pelo segundo mês consecutivo – em fevereiro foi de 1,31% e em março, 0,56%.
O acumulado em 12 meses soma 5,53%, conforme os dados do IBGE. A prévia da inflação de maio, medida pelo IPCA-15, ficou em 0,36%, o que reforça a tendência de arrefecimento dos preços.
Para os anos seguintes, as estimativas também são positivas. Em 2026, o IPCA deve ficar em 4,5%. Para 2027 e 2028, o mercado projeta 4% e 3,85%, respectivamente – já dentro ou próximos da meta de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Juros mantidos com incertezas no horizonte
Mesmo com a inflação dando sinais de queda, o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,75% ao ano. Esse foi o sexto aumento consecutivo e reflete o cenário externo instável e o receio de pressões inflacionárias internas.
Nesse sentido, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que o ambiente ainda é incerto, exigindo prudência na condução da política monetária. Por ora, não há indicativos claros sobre cortes na taxa nas próximas reuniões.
Além disso, o mercado financeiro acredita que a Selic deve encerrar 2025 nesse mesmo patamar. Assim, a expectativa é que ela comece a cair em 2026, chegando a 12,5% ao ano. Em 2027 e 2028, o mercado projeta 10,5% e 10%, respectivamente.
Portanto, apesar dos juros altos ajudarem a conter a inflação, eles também encarecem o crédito e inibem investimentos. Desse modo, quando reduzida, a Selic tende a impulsionar o consumo e a produção, mas com risco de acelerar novamente os preços.