- Saber quanto risco você tolera é o primeiro passo para decidir se ações fazem sentido na sua carteira
- Renda fixa, fundos imobiliários e ações têm funções diferentes e exigem estratégias específicas
- A volatilidade do mercado exige preparo psicológico para lidar com perdas sem abandonar a estratégia
Investir em ações pode parecer uma escolha lógica diante das promessas de altos retornos, mas essa decisão envolve riscos que nem todos os iniciantes estão preparados para enfrentar.
O analista Felipe Paletta, da EQI Research, trouxe à tona um alerta necessário: entrar no mercado de ações sem entender seu perfil e sem uma estratégia bem definida pode custar caro — emocional e financeiramente.
Segundo Paletta, o primeiro passo para quem deseja começar a investir é compreender que diferentes ativos oferecem diferentes níveis de risco e retorno. Ele destaca três principais classes: renda fixa, fundos imobiliários e ações.
“Cada uma delas tem características distintas e serve para propósitos diferentes dentro de uma carteira de investimentos”, explica.
A base segura: o papel da renda fixa
Paletta afirma que a renda fixa é o ponto de partida mais seguro para quem está dando os primeiros passos. Nela, o investidor sabe previamente qual será a remuneração, o prazo de vencimento e pode planejar sua liquidez de forma mais clara.
“É o tipo de investimento ideal para quem busca previsibilidade e controle. Você consegue saber exatamente quanto e quando vai receber”, destaca o analista.
Esse tipo de produto se encaixa bem no perfil conservador, ou seja, aquele que prioriza estabilidade e evita grandes oscilações. É também a porta de entrada para quem ainda está construindo uma reserva de emergência ou se preparando para investimentos mais arrojados.
Fundos imobiliários: o meio-termo entre segurança e volatilidade
Para quem deseja diversificar, os fundos imobiliários representam uma transição. Eles possuem um grau de risco maior que a renda fixa, por estarem atrelados à dinâmica do mercado imobiliário e à saúde econômica do país, mas ainda são mais estáveis que ações.
“É preciso considerar que alguns setores imobiliários, como shoppings ou lajes corporativas, sofrem mais em períodos de crise. Já outros, como galpões logísticos, podem se manter mais resilientes”, avalia Paletta.
Esse tipo de fundo oferece, contudo, a vantagem de uma renda mensal recorrente, o que atrai muitos investidores iniciantes.
O terreno da coragem e da estratégia
É nas ações, no entanto, que mora o maior desafio. Paletta afirma que, ao investir em empresas, o investidor se expõe diretamente ao mercado e precisa aceitar oscilações bruscas, além de ter clareza sobre o prazo e a estratégia.
“Se você não tem estômago para ver uma queda de 20% em uma semana sem se desesperar, talvez ainda não esteja pronto para investir em ações”, diz.
Ele reforça, no entanto, que não basta comprar ações esperando valorização. É preciso ter convicção na tese, entender o cenário macroeconômico, o momento da empresa e manter a calma mesmo em momentos de queda. A volatilidade, segundo ele, é natural e inevitável.
O segredo, segundo o analista, está em conhecer bem seu perfil de risco. Investidores de curto prazo com baixa tolerância à perda provavelmente não devem começar com ações. Já aqueles com visão de longo prazo e preparo emocional, mesmo iniciantes, podem construir uma estratégia sólida que inclua a bolsa como uma parcela bem dosada da carteira.
Antes de clicar no botão “comprar” de qualquer ação, o investidor deve responder a uma pergunta essencial: eu aguento ver meu dinheiro oscilar para baixo sem perder a cabeça? A resposta a essa questão pode determinar o sucesso ou o fracasso de uma jornada no mercado de ações.