
- FUP convoca paralisação nos dias 29 e 30 de maio por estagnação nas negociações salariais
- Trabalhadores reagem ao discurso de austeridade, mesmo após lucro bilionário
- Regime híbrido mais rígido e denúncias de falhas na segurança intensificam tensão
A insatisfação entre os trabalhadores da Petrobras atingiu novo patamar. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) anunciou nesta quinta-feira (16) a convocação de uma nova greve de advertência para os dias 29 e 30 de maio, como protesto contra o que classificam como estagnação nas negociações com a estatal.
Principalmente no que diz respeito à remuneração variável dos empregados e à política de cortes de custos anunciada recentemente pela nova presidente da empresa, Magda Chambriard.
A paralisação ainda precisa passar por aprovação formal em assembleias dos sindicatos. Mas, representa uma continuação da mobilização iniciada em março, quando os petroleiros cruzaram os braços por 24 horas.
Segundo a FUP, a insatisfação se intensificou após Chambriard afirmar que a Petrobras precisaria “apertar os cintos” nos próximos meses. Dessa forma, mesmo após divulgar um lucro líquido de R$ 35,2 bilhões apenas no primeiro trimestre deste ano. E, ainda, distribuir R$ 11,72 bilhões em dividendos aos acionistas.
Para a FUP, o discurso da nova presidência representa uma contradição explícita.
“Como é possível justificar austeridade com esse nível de lucro?”, questiona a entidade. A federação também contesta a priorização dos acionistas em detrimento dos trabalhadores.
“Os dividendos estão garantidos, mas a remuneração variável dos empregados segue travada.”
Teletrabalho
Outro tema que reacende os protestos é o teletrabalho. A Petrobras pretende mudar o regime híbrido a partir de 30 de maio, exigindo três dias presenciais por semana, sendo obrigatoriamente segunda ou sexta-feira.
Embora tenha flexibilizado essa regra para públicos específicos (como gestantes e pais de bebês de até dois anos) o sindicato acredita que a decisão impõe obstáculos à conciliação entre vida pessoal e profissional. Além de desprezar ganhos de produtividade comprovados durante o período de home office.
As entidades também denunciam falhas graves na segurança operacional das unidades da estatal. Segundo os sindicatos, há subnotificação de acidentes de trabalho. Dessa forma, o que representa risco direto à vida dos empregados e aponta para falta de transparência na condução de políticas de segurança.
A Petrobras, por sua vez, afirmou em nota que respeita o direito de manifestação e ainda não foi notificada oficialmente sobre a paralisação. Reforçou também que mantém diálogo constante com os representantes sindicais e que já realizou ajustes no modelo de trabalho híbrido para atender parte das demandas.
A empresa destacou ainda que está em fase de expansão dos investimentos e da força de trabalho, com a contratação de 1.900 novos funcionários em 2024 e previsão de mais 1.780 contratações em 2025, todas oriundas de concurso público.
A estatal costuma adotar equipes de contingência durante movimentos grevistas, o que reduz os impactos imediatos nas operações. No entanto, com a nova paralisação prevista para dois dias e a manutenção de um impasse cada vez mais acirrado, especialistas do setor já monitoram possíveis impactos no cronograma de projetos e entregas da empresa, especialmente em unidades mais sensíveis à ausência de pessoal técnico.